quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Livro de Horas do Duque de Berry e a Sopa Dourada das Freiras de Santa Clara

Eu estava relendo um artigo que escrevi sobra a doçaria conventual portuguesa e a vontade de comer estas maravilhas só aumenta em mim. Talvez por que cada doce, além de delicioso, traz um nome que se agrega a religião e tem uma história interessante pra contar. E história é comigo mesmo.
Foi seguindo o pensamento religioso da doçaria conventual que hoje resolvi trazer comentários sobre os livros de horas. Você já  ouviu  falar neste tipo de livro?

A Virgem e o Menino, iluminura do manuscrito “Livro de Horas de Milão-Turim”, da escola de Jan Van Eyck, datado de 1445
No tempo em que a Idade Média já estava quase chegando ao fim o clero sentia necessidade de elaborar um livro, acessível aos leigos, que contivesse os preceitos e as orações usadas pelos clérigos. De acordo com este modelo litúrgico desenvolveu-se lentamente, durante o século XIV, um livro de devoções privado, o famoso Livros de Horas.
A variação do formato e a abundância de ilustração dos Livros de Horas não interferiu no seu idêntico esquema de concepção. Começam com um calendário elaborado exclusivamente em função das festas religiosas. Depois são escritas numerosas orações, salmos na sua maioria e que seguem o ritmo diário — as matinas, laudas, prima, tércia, sexta e nôa, as vésperas e as completas. Foi com o Livro de Horas, a iluminura alcançou uma grande perfeição e um esplendor nunca antes igualado.
Pág. 495, VOL 25, livro das horas do duque de Berry - O jardim do Éden
Les très riches heures du duc de Berry

Um dos mais conhecidos e belos Livros de Horas foram executados, por encomenda do duque de Berry, pelos irmãos Limbourg.
Conhecido como O Príncipe dos Bibliófilos, João de Valois, Duque de Berry (1340-1416), filho, irmão e tio de Reis de França, não deixou boas lembranças como político e governante. Mas era um profundo apreciador das artes e possuía imensa fortuna para satisfazer os seus caprichos.

Iluminura do Duque de Berry em Les très riches heures du duc de Berry
Colecionador apaixonado de obras de arte e animais exóticos (colecionava castelos, rubis, avestruzes...) reservava o melhor de seu entusiasmo para os Livros, principalmente os iluminados, que comprava ou mandava copiar e ornamentar, ele próprio orientava todas as fases do trabalho, já que dominava os segredos do ofício e era homem de gosto apurado.
Reunindo ao seu redor os artistas mais conceituados da época, conseguiu formar as mais belas coleções particulares de manuscritos de todos os tempos, que incluía nada menos que 15 Livros de Horas, 14 Bíblias, 16 saltérios, 18 breviários e 6 missais.

Os Iluminadores
As Riquíssimas Horas foram pintadas pelos três irmãos Limbourg — Paul, Hermann e Jean, artistas flamengos contratados pelo duque de Berry por volta de 1405.
Os Limbourg utilizaram uma grande variedade de cores obtidas através de minerais, plantas ou produtos químicos, misturados com uma cola especial que ligava a tinta. Entre as cores fora do comum que utilizaram estão o verde íris e o azul ultramarino, feito de lápis-lazúli triturado. Esta cor era usada para representar os azuis brilhantes.
Os detalhes extremamente precisos são característicos do estilo dos Limbourg, que exigia lupas e pincéis finíssimos.
O livro de horas feitos pelos irmãos Limbourg (Les Très Riches Heures du duc de Berry) encontra-se hoje na França, no Musée Condé, no Castelo de Chantilly. Enquanto você não vai lá para conferir, veja algumas das principais iluminuras do livro.
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Sopa Dourada das Freiras de Santa Clara

Receita manuscrita por uma freira de Santa Clara de Vila do Conde (Portugal), tal como está redigida:
"Para Kilo e meio de assucar 24 gemmas de ovos, com um quarto de amendoa doce, meio kilo de chila, 50 grammas de cidrão e 300 grammas de pão de ló, que deve ser partido ás fatias finas. Vai o assucar ao alume para o por em ponto de espadana, deitando-se-lhe algumas gottas de água de flor de laranjeira.
Achando-se o assucar n’esse meio ponto retira-se do lume e molham-se nelle as fatais de pão de ló, que se põem a escorrer nem peneira ou n’um prato. O assucar volta ao lume para chegar ao ponto de espadana, deitando-se o cidrão muito cortado aos bocadinhos e bem assim a chila. Deixa-se ferver um pouco.
Tira-se então do lume para arrefecer um quasi nada. Depois vai-se deitando deta calda aos poucos nas gemmas de ovos, que devem estar bem batidas. Tem de se mexer sempre, sem parar, porque se o não fizerem, coalha. Deixa-se engrossar até fazer rugas e deita-se depois no prato ou travessa que tem as fatias, que devem ficar bem cobertas. Compõem-se com um ferro e deita-se-lhe canela."

sábado, 23 de julho de 2011

Comida de velório existe!!!

Engraçado que quando famosos morrem o mundo para...  Para não só pra velar o corpo, mas para fazer mídia – tecendo comentários que cada um julga necessário... 
Hoje, por exemplo, foi a vez dos meios de comunicação em peso voltarem seus holofotes para o falecimento de Amy Winehouse, intérprete britânica, conhecia internacionalmente por sua potente voz, por seu comportamento difícil e pelo uso excessivo de drogas e álcool.


Independentemente do que ela fazia, do que ela usava para se drogar, eu gostava bastante da música q ela fez – e vou querer lembrar-me dela por isso. O resto é resto... Droga não presta - porque se ela prestasse não teria este nome.
Pegando um gancho no assunto da morte eu passo para deixar uma dica de livro que trata do tema de um jeito divertido: Trata-se do livro "Os Comes e Bebes nos Velórios das Gerais, e outras histórias", escripo pela mineira Déa Rodrigues da Cunha Rocha, que conta histórias verdadeiras, hilárias até, que envolvem os comes e bebes durante os velórios.
Existem etnias onde um funeral é motivo de festa; onde as pessoas acreditam que o ente falecido passou a um nível superior de existência e que este fato deve ser convenientemente comemorado com comida, bebida, música, etc.  
Esta prática já era bastante conhecida entre os egypcios da antiguidade, onde a comida já estava presente nos ritos fúnebres – eles preparavam o prato que o morto mais gostavam para ofertar.
No nordeste brasileiro, sobretudo no interior, esta prática é ainda bastante difundida até hoje. Até porque passar a noite acordado, sem comer ou beber nada, é meio complicado... por mais amigo que se seja do difunto.
Tem gente que pode achar este costume estranho. Mas este hábito facilita a vida de muita genet nas dificeis horas do adeus aos mortos.
Espero que se divirtam com a dica do livro. E pra terminar deixo uma receitinha típica destas comidinhas encontradas nos velórios do interior. e pra finalizar em grande estilo, uma das músicas de Amy que eu mais gosto - e que caem como uma luva para a ocasião...
  
Mané Pelado

2 xícaras (chá) de mandioca crua ralada
250 gramas de queijo minas ralado (ou coco ralado)
1 xícara (chá) de açúcar
2 colheres (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) rasa de fermento em pó
4 ovos

Preparo: bata as claras em neve. Junte em um recipiente a mandioca, as gemas e os demais ingredientes. Adicione as claras por último e mexa. Transfira a massa para uma assadeira untada com manteiga e farinha de trigo ou de rosca, ou para forminhas individuais. Asse em forno pré-aquecido (180 ºC) por 30 minutos ou até a massa estiver bem assada. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mito Isabelino: O milagre dos pães que se transformaram em rosas

          Eu sou um fominha por pão – sempre fui. E hoje, enquanto eu preparava meu desjejum percebi que deixei passar em branco uma data importante: o dia do padeiro (8 de julho). O que não devia ter acontecido, já que, para mim, eu esta profissão tem um significado maior do que a simples feitura de pães e afins; tendo presença registrada através da história principalmente no âmbito religioso – onde o pão se tornou o símbolo da vida, alimento do corpo e da alma – representando o próprio corpo do Cristo.
E não é difícil entender porque as pessoas, no mundo todo, gostam de pães. Afinal, é um alimento que surgiu séculos a.C. (quando ainda era feito com o fruto do carvalho triturado, lavado com água fervente para perder o amargor e posto a secar ao sol) e foi se sofisticando (à farinha foram adicionados outros ingredientes: mel, azeite de oliva, mosto e ovos, formando uma espécie de bolo que teria sido o antepassado do pão atual. Os egípcios foram os primeiros povos que utilizaram fornos para assar pães. É também atribuído a eles o acréscimo de um líquido fermentado à massa para deixá-la mais macia e leve) para atrair cada vez mais apreciadores.
O Brasil conheceu o pão apenas no século XIX, de acordo com as leituras dos livros de Gilberto Freyre. Antes disso, nas terras brasileiras se se consumia o beiju. Até que surgiu uma atividade panificadora no Brasil, iniciada com a presença os  imigrantes italianos.
Para elucidar minha total admiração pelos pães e por seus feitores, trago a história de um milagre envolvendo pães: A Rainha Santa Isabel de Aragão e o milagre dos pães que viraram rosas.
Rainha Santa Isabel de Portugal
A história nos conta que Portugal passava por uma grande penúria e a fome atingiu até os mais ricos. O rei era D. Diniz, que por sua vez era casado com D. Isabel. Senhora de grande bondade e virtudes. Desesperada com o sofrimento de seu povo; empenhou suas jóias, sem que o marido soubesse, e mandou vir trigo para abastecer o celeiro real e dessa forma poderia distribuir pão aos pobres como era de costume.
Certo dia enquanto estava distribuindo esses pães o rei chegou inesperadamente e ela escondeu os pães em seu avental temendo a reação do marido. D. Diniz percebeu que havia alguma coisa errada e perguntou: - Isabel, o que escondestes em teu avental?
Ela ergueu seu pensamento a Deus e respondeu sem pensar: - São rosas. Meu senhor! O rei desconfiadíssimo disse que queria sentir o perfume dessas flores que estranhamente haviam desabrochado em janeiro.
Isabel sem ter o que fazer soltou o avental, e para espanto de todos, caíram as rosas mais lindas e perfumadas. Postaram-se de joelhos gritando, milagre!
Esta história sobre a Rainha Santa Isabel é sem dúvida a mais conhecia. No entanto, este milagre também foi originalmente atribuído à sua tia-avó Santa Isabel a Hungria. Provavelmente por corrupção da lenda original, e pelo facto de as duas rainhas possuírem o mesmo nome e fama de santas, a história passou também a ser atribuída a Isabel de Aragão.
A época exacta do aparecimento desta lenda na tradição portuguesa não está determinada. mas circularia oralmente pelo país nas últimas décadas do século XIV. Porém, o mais antigo registo conhecido é um retábulo quatrocentista conservado no Museu Nacional de Arte da Catalunha, e sugere que ao  inves de pães, a santa levava moedas para os pobres.
Retábulo da Rainha Santa Meados do século XVI
Coimbra, MNMC
Este pequeno retábulo, considerado o primeiro ex-voto português, foi encomendado por um professor universitário, como forma de agradecer o auxílio da Rainha Santa na cura da paralisia de que padecia uma sua sobrinha, freira da comunidade monástica de Celas. Nele se representa Santa Isabel com as rosas e o milagre propriamente dito, bem como a sua ação de amparo aos mais desprotegidos. Em plano de fundo, descobre-se uma vista geral de Coimbra renascentista, com destaque para o Paço Real e o Mosteiro de Santa Clara.
O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores. No entanto, a tradição popular gerou inúmeras variantes: moedas de ouro que se transformam em rosas ou rosas que se transformam em ouro; e a actualmente mais conhecida, do pão em flores.

Rainha santa moedas no regaço para dar aos pobres(...) Encontrando-a el-Rei lhe perguntou o que levava,(...) ela disse, levo aqui rosas. E rosas viu el-Rei não sendo tempo delas. (Crónica dos Frades Menores, Frei Marcos de Lisboa, 1562)
 Isabel faleceu, tocada pela peste, em estremoz, a 4 de julho e 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, onde em 1995 foi iniciada uma escavação arqueológica, após ter estado por 400 anos parcialmente submerso pelo rio Mondego.
Segundo uma historia hagiográfica (ramo da historia a igreja católica), sendo a viagem demorada, havia o receio de o cadáver entrar em decomposição acelerada pelo calor que se fazia, e conta-se que a meio da viagem debaixo de um calor abrasador o ataúde começou a abrir fendas, pelas quais elas escorria um líquido, que todos supuseram provir da decomposição cadavérica. Qual não foi, porém a surpresa quando notaram que em vez do mau cheiro esperado, saía um aroma suavíssimo do ataúde.
A rainha é sepultada em Coimbra, no Convento de Santa Clara-a-Velha, conforme vontade expressa em testamento, repousando inicialmente num belíssimo túmulo de pedra esculpido no séc. XIV por Mestre Pêro para, mais tarde, já no século XVII, ser trasladada para novo túmulo em prata, exposto na capela-mor do novo Mosteiro de Santa Clara.
Túmulo da Rainha Santa Isabel por Mestre Pêro

Túmulo da Rainha Santa Isabel 1614
Coimbra, Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
          Após a sua canonização ser oficializada pela Igreja de Roma, os restos mortais da Rainha Santa foram trasladados para uma nova morada final. O novo túmulo em prata foi mandado fazer em 1614 pelo Bispo-Conde de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco. Hoje, o monumento funerário encontra-se próximo do retábulo-mor da nova Igreja de Santa Clara de Coimbra, na companhia da venerada imagem da Rainha Santa, executada por Teixeira Lopes em 1896.
A sua figura de Rainha Santa ficou indissociavelmente ligada ao auxílio e fundação de mosteiros e à protecção dos mais desfavorecidos, sendo por isso querida em vida e venerada como santa, logo após a sua morte. Oficialmente, a consagração dá-se com a beatificação, a 15 de Abril de 1516, por Leão X, vindo a ser canonizada por Urbano VIII, em 25 de Maio de 1625.
Atualmente, inúmeras escolas e igrejas ostentam o seu nome em sua homenagem. É ainda padroeira da cidade de Coimbra, cujo feriado municipal coincide com o dia da sua memória (4 de julho).
Pão de liquidificador
Bata no liquidificador:
1 ovo
2 tabletes de fermento p/ pão
1 colher (sopa) de açúcar
1/2 colher (sopa) de sal
1 copo (dos de requeijão) de água morna
½ copo (dos de requeijão) de óleo 

Passe a mistura para uma tigela grande e acrescente cerca de 500g de farinha de trigo aos poucos até desgrudar das mãos. Cubra a massa com um pano e deixe crescer por 1 hora em local seco e sem vento (dentro do forno é uma boa pedida). Passado o tempo de descanso enrole os pães e deixe crescer novamente por 20 minutos. Leve ao forno pré-aquecido em 180º até a casca estar dourada.

domingo, 17 de julho de 2011

O Bolo de Goma e as Tapiocas Coloridas do Ceará

         Quando se fala em fonte de carboidratos, no nordeste brasileiro, a mandioca (ainda chamada de aipim ou macaxeira) aparece como alimento de grande relevância econômica e cultural.
Originária do continente americano, provavelmente do Brasil, a mandioca já era cultivada pelos índios, por ocasião da descoberta do país tendo sido transmitido por eles o hábito de consumi-la. A partir da sua farinha são feitos beijus, tapiocas, pirões, sopas e mingaus, e seu polvilho é aproveitado para engomar roupas e na fabricação de explosivos.



A Lenda de Manioca (Mandioca)

Segundo essa lenda de origem indígena, há muito tempo numa tribo indígena a filha de um cacique ficou grávida sem nunca sem ainda ser casada. Ao saber da notícia o cacique ficou furioso e a todo custo quis saber quem era o pai da criança. A jovem índia por sua vez, insistia em dizer que nunca havia namorado ninguém.
O cacique não acreditando na filha rogou aos deuses que punissem a jovem índia. Sua raiva por essa vergonha era tamanha que ele estava disposto a sacrificar sua filha. Porém, numa noite ao dormir o cacique sonhara com um homem que lhe dizia para acreditar na índia e não a punir.
Após os nove meses da gravidez, a jovem índia deu a luz a uma menininha e deu-lhe o nome de Mani. Para espanto da tribo o bebê era branco, muito branco e já nascera sabendo falar e andar. Passa alguns meses, Mani então, com pouco mais de um ano de repente morreu. Todos estranharam o triste fato, pois não havia ficado doente e nenhuma coisa diferente havia acontecido. A menina simplesmente deitou fechou os olhos e morreu.
Toda a tribo ficou muito triste. Mani foi enterrada dentro da própria oca onde sempre morou. Todos os dias sua mãe, a jovem índia regava o local da sepultura de Mani, como era tradição do seu povo.
Após algum tempo, algo estranho aconteceu. No local onde Mani foi enterrada começou a brotar uma planta desconhecida. Todos ficaram admirados com o acontecido . Resolveram, pois, desenterrar Mani, para enterrá-la em outro lugar.
Para surpresa da tribo, o corpo da pequena índia não foi encontrado, encontraram somente as grossas raízes da planta desconhecida. A raiz era marrom, por fora, e branquinha por dentro. Após cozinharem e provarem a raiz entenderam que se tratava de um presente do Deus Tupã.
A raiz de Mani veio para saciar a fome da tribo. Os índios deram o nome da raiz de Mani e como nasceu dentro de uma oca ficou Manioca (casa de Mani), que hoje conhecemos como mandioca

Atualmente a demanda de amido de mandioca (fécula) tem crescido de forma substancial, principalmente pelo setor industrial a exemplo da utilização de fécula na mistura de farinha de trigo para fabricação de pães, objetivando reduzir as importações de trigo, gerando divisas para o país.
No Ceará, como no restante do nordeste brasileiro a farinha de mandioca é um elemento indispensável na alimentação. Contudo a versatilidade da mandioca permite que ela seja aproveitada de várias formas (cozida, frita, como farinhas e goma). Mas a tapioca, alimento feito da goma de mandioca já virou sinônimo de cearensidade.
Tapioca tradicional
A Tapioca é conhecida no nordeste como substituto do pão. É tradicionalmente consumida em forma de bijus, sendo, ainda, adicionada a ela, coco fresco ralado, manteiga da terra (manteiga de garrafa). O cearense, sempre criativo ainda inventou a mania de incluir leite condensado ou os mais diversos recheios salgados e doces, o que transformou a simples tapioca em comida gourmet.
A tapioca difundiu-se pelo Brasil, mas já é consolidada como alimento tradicional cearense, e agora reaparece com uma nova roupagem: trata-se das tapiocas coloridas – como mostra o vídeo abaixo.
O que seria do café da tarde cearense em uma tapioca?
Eu lhes respondo: - Mesmo com uma mesa repleta de guloseimas, você sempre vai achar que ficou faltando algo. Entretanto quando não se tem tapioca, as pessoas também ficam alegres porque, de repente, vai ter rosca de goma para acompanhar o cafezinho.
Rosca de goma
As roscas de gomas (ou bolos de gomas como chamam alguns) são verdadeiras iguarias no interior do ceará. Famílias inteiras se dedicam na produção das rocas, sobretudo na região da ibiapaba, onde é grande o cultivo da mandioca e existem muitas casas de farinha – o que facilita a extração da goma (fécula), matéria prima básica para a feitura das roscas.
Existem diversas receitas de rocas umas mais e outras menso trabalhadas. Porém para que vocês possam sentir o sabor da rosca de goma cearense, vou deixar uma receitinha rápida e que, garanto, vai se tornar um vicio junto com seu cafezinho. 

Rosca de Goma Rápida (ou Bolo de Goma) 
1 xícara de leite
½ xícara de óleo
4 ovos
3 xícaras de farinha de goma (ou polvilho/fécula de mandioca)
1 pires (ou um pacotinho) de queijo ralado
sal a gosto (cuidado com o sal pois o queijo é salgado) 
Preparo: Bate no liquidificador o leite, o óleo, os ovos, as três xícaras de farinha de goma, o queijo ralado e sal a gosto. Depois de bater por uns 5 a 8 minutos, despeje a massa numa forma de buraco, levemente untada com óleo. Forno por uns 30 a 40 minutos.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A Confraria do Barão de Gourmandise nas redes sociais e a Omelete Infalível da Julia Child

          Caros Confrades amigos (as),
Ultimamente tenho me dedicado a assistir filmes que trazem a gastronomia como tema, na esperança de achar sempre um bom  gancho para meus escritos no blog. Por vezes, alguns destes filmes são livros que foram adaptados para as telonas...
Somente hoje consegui  terminar de assistir Julie e Julia – um dos inúmeros da minha lista -, baseado na autobiografia de My Life in France, que retrata a vida de Julia Child, autora de livros de culinária e apresentadora de televisão norte-americana. O filme mostra a tentativa de Julie Powell de cozinhar todas as 524 receitas de Senhota Child retiradas do seu best seller Mastering the Art of French Cooking. Confesso que o livro é mais denso e muito mais divertido.
Foi justamente apartir do livro que resolvi  escrever este pequeno post para agradecer a todos pelas visitas ao blog desta confraria, que hoje, precisamente já chega a atingir mais de 90 países (pelo levantamento de visualizações), tendo um total de 34 seguidores e 44.417 visitas – até este presente momento.


Através do filme Julie e Julia percebi que, assim como Julie Powell, existe, realmente, um mundo de pessoas interessadas no que eu escrevo. E que por mais que os comentários no blog ainda sejam poucos, eu sei que para cada comentário postado existe dezenas de pessoas que leram os textos aqui postados.
Eu já sou um dependente deste espaço virtual e quando vejo um novo comentário fico eufórico: gosto de saber o que as pessoas acham; o que estão sentindo no momento que resolvem dedicar parte do seu tempo, da sua vida para registar algumas frases num espaço que eu cuido com  carinho.
Foi pensando nisso e seguindo a globalização dos meios de comunicação que resolvi incluir o  blog nas redes sociais. Por enquanto, no Twitter (ConfrariaBG) para que eu possa ir administrando com calma.
Siga-nos no Twitter: ConfrariaBG
E, também resolvi deixar um e-mail (confrariadobarao@gmail.com) para que nosso contato possa ser ampliado. Eu sei que tem alguém aí que se interessa pelos mesmo assuntos que eu e será um prazer trocar idéias, novidades, sugestões, criticas, etc.

E-mail: confrariadobarao@gmail.com
Obrigado a todos por estarem aqui. A receita de hoje será em homenagem também as escritoras Julie e Julia: omele - e é um ótimo motivo para você testar a técnica de fazer omeletes da Julia Child, veja o  video abaixo:



Continuem visitando esta confraria.
E Bon appetit!!!

A Omelete Infalível da Julia Child (receita para um(a))

Ingredientes:
2 ovos frescos em temperatura ambiente
1 colher de sopa de água
1 colher de chá de manteiga
sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Como fazer: Aqueça uma frigideira antiaderente e deite ali a manteiga para derreter. Enquanto isso quebre os ovos, bata bem com o garfo, misture com a água. Despeje a mistura de ovos na frigideira pelando e vá fazendo esse vai-e-vem (como mostra no vídeo). Polvilhe pimenta e sal, dê a voltinha na omelete, despeje no prato, mais uma pitada de sal e pimenta e sirva.  Depois, você pode usar a criatividade e misturar o que quiser na sua omelete.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Rosas: pra comer amando.

         Caros confrades,
        Nunca pensei que minha paixão pela gastronomia fosse tão grande!
Recordo-me que quando eu era criança, já gostava muito de ver os movimentos da cozinha – dá lá de casa e das casas alheias. E eu descobria gastronomia em tudo: nas formas, nas cores, nos métodos, na leitura, na TV... E a minha experiência mais inusitada com gastronomia também se deu na infância, quando eu devorava as folhas de siriguela da casa da vizinha ou umas pequenas flores rosa, azedinhas, de uma planta que tinha lá em casa, no jardim de inverno, que eu não sei dizer o nome - pois nunca mais encontrei delas por aí.
Não estranhem este meu hábito, eu realmente gosto de experimentar e alquimizar ingredientes. É como se eu avistasse uma montanha de desejos me pedindo pra ser escalada; ou como se eu estivesse olhando para o mar, vendo  aquelas ondas enormes, que se parecem com minha gula...  Que vem vindo, se avolumando cada vez mais, e quando a gente pensa que elas vão virar tsunami, devorar o próprio estômago, logo que o desejo é satisfeito, de repente elas param... E suavemente deitam-se na praia, suspirando, avisando do deleite do expectador.

Confrades vejam bem, para fazer as delicias que minha mente resgata a cada minuto existem muitos Chefs, Cozinheiros, Confeiteiros, Padeiros, Culinaristas, Doceiros, Boleiros, Quitandeiros, Cake designers, Engenheiros de Alimentos, Loucos, Pretensiosos, Amantes, Curiosos, os que ‘caem de para queda na cozinha’, etc.. Mas, sem pretensão de minha parte, eles não seriam nada sem o desejo de comer, sem a vontade corrosiva por determinados alimentos – sabe, quando aquela vontade bate a sua porta, pedindo loucamente pra ser saciada com alguma coisa especial? Pois é, é dentro desse complexo contexto que me deleito, onde me regalo e me confundo, entre pensamentos, experiências e a gula. E hoje este desejo louco, esta vontade me bate à porta, querendo comer rosas...
Um mito grego traz uma alegoria que o nascimento da rosa: a deusa grega Clóris tropeçou em uma bela ninfa que estava morta e decidiu transformá-la em uma flor. Afrodite acrescentou à beleza na flor, as Três Graças a alegria e o encanto, Dionísio a fragrância delicada e Zéfiro, com um sopro afastou as nuvens para que Apolo pudesse inundá-la com a luz do sol. A flor foi então doada para Eros, o deus do amor, e ele chamou de rosa a "Rainha das Flores".
Clóris
          Lembro-me quando ouvi, pela primeira vez, que uma pessoa poderia comer rosas. A avó de uma amiga de infância, uma verdadeira alquimista na arte de preparar licores, fazia o melhor licor de rosas da região. Ela atendia pelo nome de Giza, e já enfatizava, que além  da beleza e do perfume, as rosas ainda poderiam ser comidas...
Essa lembrança ficou gravada na minha memória até um dia onde pude encontrar rosas comestíveis ao alcance da minha mão... E, as comi!
De inicio era estranho, mas a mistura de ingredientes, a atitude e o ambiente favoreciam o deleite – e, definitivamente, as rosas têm um sentido existencial, espiritual, metafísico e religioso recorrente, que aparecem na história e envolvem as vidas e as emoções até hoje.  

Mas não basta comer, tem que participar – o preparo dá mais fome, faz o desejo aumentar, aguça o olfato, lubrifica a visão, enche a boca de saliva.
Recordei um texto de Rubem Alves,  "A Festa de Babette", que trata da magia da arte da culinária e expressa melhor o que eu quis descrever na frase anterior. Ele diz:


 "Penso que Deus deve ter sido um artista brincalhão para inventar coisas tão incríveis para se comer. Penso mais: que ele foi gracioso. Deu-nos as coisas incompletas, cruas. Deixou-nos o prazer de inventar a culinária. Comer é uma felicidade, se se tem fome. Todo mundo sabe disto. Até os ignorantes nenezinhos. Mas poucos são os que se dão conta de que felicidade maior que comer é cozinhar. Faz uns anos comecei a convidar alguns amigos para cozinharmos juntos, uma vez por semana. Eles chegavam lá pelas seis horas (acontecia na casa antiga onde hoje está o restaurante Dali). Cada noite um era o mestre cuca, escolhia o prato e dava as ordens. Os outros obedeciam alegremente. E aí começávamos a fazer as coisas comuns preliminares a cozinhar e comer: lavar, descascar, cortar — enquanto íamos ouvindo música, conversando, rindo, beliscando e bebericando. A comida ficava pronta lá pelas 11 da noite. Ninguém tinha pressa. Não é por acaso que a palavra comer tenha sentido duplo. O prazer de comer, mesmo, não é muito demorado. Pode até ser muito rápido, como no McDonald's. O que é demorado são os prazeres preliminares, arrastados — quanto mais demora maior é a fome, maior a alegria no gozo final. Bom seria se cozinha e sala de comer fossem integradas — os arquitetos que cuidem disso — para que os que vão comer pudessem participar também dos prazeres do cozinhar. Sábios são os japoneses que descobriram um jeito de pôr a cozinha em cima da mesa onde se come, de modo que cozinhar e comer ficam sendo uma mesma coisa. Pois é precisamente isto que é o sukiyaki, que fica mais gostoso se se usa kimono de samurai. Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado." 

Voltando ás rosa, pois elas são parte do feitiço que ensinarei hoje, eu vejo algumas ligações entre elas e a gastronomia: descobrimos os mais belos jardins nos lugares mais impróprios – assim como os lugares de restauração. E os jardineiros (assim como os profissionais da gastronomia) sabem que a lição mais importante é que não há amor sem a experiência do cuidado – por isso amam flores, adoram as rosas e cuidam de cada detalhe das plantas. E se não há rosas na roseira (boas criações gastronômicas) é porque não é chegada a hora de florir. E o jardineiro que não tiver obstinação, se ele não souber viver com a agitação do preparo – ou às vezes até com o silencio –, ele não terá o que florir... Isso sem esquecer que existem os espinhos (críticas, receitas que não dão certo), pois eles também são partes das rosas. E quem quiser rosa na sua vida tem que aprender a lidar com os espinhos.

Saber apreciar as rosas é mais intenso do que se imagina. E recorro a Machado de Assis, em Crisálidas, para fazer você sentir mais de perto o poder das rosas. 

As Rosas

Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;

Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.

Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afeto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão indiferente.

Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não... Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.

Depois disto, que tal virar um jardineiro e começar a transformar seu roseira numa obra de arte?! Assim como fez Gabriele D’Annunzio (1863 – 1938), político e escritor italiano, que tinha uma adoração por rosas a tal ponto que elas são citadas continuamente em suas obras, entre recônditos significados e alusões misteriosas.
Gabriele D’Annunzio
Fabiano Dalla Bona em seu livro Fama à mesa, comenta que D´Annunzio exigia rosas por todos os cantos, do jardim até as estampas dos móveis. Rosas como bibelôs, e rosas na cozinha.

E vejam só a maravilha que Bona registrou em seu livro: a receita de um risotto que alegrou as noitadas de D’Annunzio na época do seu romance com a grande atriz italiana Eleonora Duse, o grande amor de sua vida e para quem dedicou quatro peças teatrais. Deliciosamente “belle époque”, o prato recorda as sedas orientais e os magníficos jantares que o poeta oferecia à amada, em suntuosas mesas decoradas com muitas rosas e regados por muito champagne rosé.  
Risoto de rosas de Gabriele D´Annunzio
…il sole genera le rose
presso le soglie e intorno alle fontane,
lungo le siepi e su per le finestre….
(G.D’Annunzio)

 Ingredientes para duas pessoas:
150 g de arroz arborio
2 botões de rosa
40 g de manteiga
40 g de queijo emental ralado
150 g de creme de leite
1 colher de sobremesa de mel
1 pitada de noz moscada
pimenta branca em pó e sal a gosto
1 colher de chá de água de rosas
1 cálice de vinho rosé
1 l itro de caldo de legumes para cozinhar o arroz 
Modo de preparar: Despetale as rosas e tire aquela parte branca de sua parte inferior, onde ficam presas à corola e mergulhe a metade delas numa panela, depois de bem lavadas e secas, em metade da manteiga. Adicione o arroz, o sal, a noz moscada e a pimenta branca. Assim que o arroz estiver envolvido na manteiga, adicione o vinho rose e metade do caldo. Deixe cozinhar, mexendo constantemente. Vá adicionando o caldo sempre que o risoto estiver ficando seco demais. Assim que estiver bem cozido, adicione o restante das pétalas de rosa, o resto da manteiga, o mel, e misture energicamente para que todos os ingredientes se incorporem bem. Finalize adicionando o queijo ralado e a água de rosas.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lollo caseiro e minhas guloseimas dos anos 80: nostalgia!!!

            Já estou quase saindo dos meus vinte e poucos anos. E antes que isso aconteça preciso escrever alguma coisa sobre este período da minha vida. Como sou cria dos anos 80 nada mais justo do que falar deles, das minhas descobertas de sabores através das “porcarias” mais gostosas de todos os tempos. Senhoras e senhores mantenham-se em suas poltronas, apertem os cintos, porque os botões da nostalgia já foram ligados e esta nave vai decolar para uma viagem deliciosa.


Quando se é criança a vida parece uma grande brincadeira cheia de guloseimas... Na minha época, pelos idos anos 80, eu não só achava o mundo um grande playground como também achava que a cozinha lá de casa era uma extensão dele. Porque era o ambiente mais movimentado da casa, sempre cheio de  gente – de casa e visitas, sempre cheio de aromas, sempre cheio de ocnversas sobre o  mundo.
Fui criado com fartura e sempre via a cozinha cheia de bolos, doces, salgados, frutas, grãos, queijos, rapaduras, batidas, alfenins, tubérculos, legumes, verduras, carnes dos mais variados tipos e mandioca e seus afins (farinha, beijus, tapioca, goma, fécula). Contudo a graça da descoberta dos sabores da minha infância começara em casa, pelas mãos de minha mãe que sempre foi boa cozinheira. Meu pai também cozinha bem. Mas inegavelmente foi o meu avô paterno a pessoa que me ofereceu sabores diferenciados dos anos 80.
Uma das raras fotos de eu com meu avô Mário.
Quanto as minhas habilidades de forno e fogão, fui autodidata, aprendi muita coisa assistindo a cozinha maravilhosa de Ofélia – e até hoje fico  puto da vida quando alguém, geralmente parentes do lado paterno, fazem comentários de que eu sei cozinhar porque devo ter aprendido com os pais.


Eu ficava putissimo, queria me transformar no Mun-ha pra pegar todos eles. Afinal aprendi a cozinhar sozinho, nunca ninguém me ensinou a fritar um ovo e tenho muito orgulho disso.


Naquele tempo, vivendo numa cidade serrana do interior, toda ida do meu avô ao mercado era uma alegria, porque ele sempre trazia algo pra eu comer – isso quando não me levava com ele pra feira ou até as “bodegas” pra experimentar algo.
Lembro-me bem de uns salgadinhos (uma massa de pastel fritada em quadrados bem pequenos e sem recheio) que sempre ele me trazia da feira em grandes quantidades, num saco enorme. Meu irmão, um ano mais novo, também não ficava sem o saquinho de salgadinho dele, porque afinal, a regra lá de casa era: “o que traz pra um, traz pro outro também”.
Eu e meu irmão, Jr, no meu niver de 3anos - eu mordendo o saco da pelúcia e ele chorando pq queria uma. srsrsr
Tinha também o bolo “manzape” e as madalenas da Rosa (o manzape era um bolo preto, um bolo feito a base de massa de mandioca, coco de babaçu, rapadura, ovos e açúcar. Era enrolado na folha de bananeira para ser assado; Já as madalenas que ela vendi eram pequenos bolinhos assados em formas de empada, que de tanto açúcar na receita chegavam a criar um suor melado ).
Manzape sendo preparado
Meu avô adorava este bolo, comprava sempre da Rosa – uma mulher, na época já pela meia idade e que eu nunca soube o verdadeiro nome, porque meu avô só a chamava de rosa, por ela sempre estar com uma rosa ou qualquer outra flor pendurada num coque, na cabeça. Depois de adulto cheguei a encontrar com a Rosa, certa vez que fui visitar minha mãe, ela já está bem velhinha e necessitando da ajuda dos outros pra sobreviver. Ela chorou quando me viu, disse que se lembrava de mim criança, segurando na mão do meu avô, sempre pela rua desfilando, ou  pelas bodegas do mercando, quando meu e eu saímos pra tomar coca-cola junto com Mickey – o cachorro de estimação da família, um enorme cão mistura de vira-lata com pastor alemão.
O Mickey era engraçado: saia com a gente par tomar coca-cola. Ele tinha a vasilha dele exclusiva pra tomar sua coquinha, depois que ele fazia isso, meu avo comprava um pacote de bolacha cream-cracker, colocava na boca dele e ele ia pra casa, deixar o mando de meu avo. E sempre as bolachas chegavam inteirinhas, sem rasgo no pacote e sem baba de cão – o que era melhor. Tínhamos também outro cão de estimação, porem menor, um pequinês chamado rex – tadinho, era cego de um olho devido um acidente que não me recordo, já faz muito tempo heheheheheh. Mas até hoje me lembro das correrias e batidas do coitado do Rex, nas coisas de casa, quando senti a o  cheiro de manga. Ele era uma alucinado por mangas, só precisava sentir o  cheiro pra rapidinho estar onde estavam as mangas.
Todo mundo tinhas estas miniaturas
Como se vê, lá em casa, até os cães gostavam de bons comes e bebes. Mas os anos oitenta foram marco pra indústria das guloseimas ou coisas sem sustância, como diária minha avó. E mais uma vez, meu avô entrava em cena, era ele quem financiava minhas guloseimas, sempre me dando dinheiro par comprá-las, ou quando ele sabia do que eu gostava, ele mesmo comprava e levava pra casa – ido diretamente pro meu quarto pra entregar o mimo. E com as mãos cheias, a gente pegava nossas espadas do he-man e ia brincar na calçada.


Então, assim eu comecei a gostar da Nestlé por ela produzir gostosuras que eu mais gostava, como; o Lollo (o da vaquinha), Galak (do coelhinho) e kriKri e o chocolate Surpresa– quem lembra deles? Eu adorava colecionar todos os álbuns Surpresa. E não bastassem os chocolates serem bons eles ainda fabricavam caramelos deliciosos.

Mas apareceu a Garoto com o seu baton, e virou febre – e eu amarrava uma linha no baton garoto e ficava rodando pela casa dizendo: compre batom, compre batom. seu  filho merece baton ( como era ridículos, mas funcionava hehehe).


E quando se comia um chocolate mais genérico (risos) eram os chocolápis e os cigarrinhos ou guradachuvas de chocolate – e acho que é por isso que eu detesto estes chocolates hidrogenados.


As guloseimas, quando geladas, que meu avó comprava eram picolés: de cajá, de limão, chicabom e o frutilly, da Kibon – os que eu mais devorava.

As balas soft – eu morria de medo de me engasgar com elas ehhehehe, mas tinha sempre um monte por perto; mas eu gostava muito das balas Kleps, porque vinham individuais com embalagem cheia de bichinhos divertidos – pareciam o zodíaco.
Balas Soft - que de soft não tinha nada.

Porem, quando faltavam as balas preferidas se escapava com as grudentas balas maluquinhas ou com os “comprimidos para dor de cabeça” – um drops da Docile com 7 pastinha nos formato de comprimido. me lembro que num dos aniversariso da minha prima Yara, os drops docile estavam dentro das lembrancinhas (tu estas ficando  velha também , hein prima?! )

Também surgiram os chicletes mini da Adams, e um saquinho só não me satisfazia. Pra não perder o rumo dos chicletes, tinha o ploc monster, com aqueles tranfers terríveis de monstros estranhos e, ping-pong, com seus variso temas, eu adorava o ping-pong pantanal – outro que só me conquistou por conta do álbum de figurinhas.

Eu também devorava, pelo menos, dois lanche do Fofão; chupava os piro-cópteros – que sempre ia parar na casa da vizinha ou ficavam enganchados no  telhado, eles voavam alto demais na hora da brincadeira.

De tarde, eu e meu irmão comíamos bolachas recheadas com Q-suco – que a gente mesmo comprava e preparava, e tomava nos copos dos Thundercats ou do Trapalhões – isso era o máximo.  
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        O Q-suco de uva lembrava o suco de frutas gummi - e se não era igual, bastava sair pulando feito um louco pra fugir do Duque Duro - da imaginação.



E se a fome incistice, comíamos sopinhas encantadas knorr.

Eu sei que tem mais coisa neste meio, mas memória já vai ficando fraca e eu não me lembro dos nomes das guloseimas pra poder citá-las. Não obstante isso já satisfaz minha nostalgia da década perdida.
Agora só me falta colocar a turma da Xuxa e o trem da alegria pra tocar e sentir voltar a me sentir um baixinho – eu acordava, ligava a TV na Rede Globo pra ver  a Xuxa e assistir aqueles desenhos saudosos, e ficava na vida boa porque sabia que minha mãe logo traria meu  café da manha no quarto... 


               E vocês, o que me contam da infãncia?

Lollo Caseiro

400 gr de leite em pó
1 lata de leite condensado
200 gr de nescau
1 colheres (sopa) de glucose de milho
2 colheres (sopa) de manteiga
1 gotas de essência de baunilha
Quanto baste de chocolate ao leite para cobrir 

Modo de Preparo: Misture todos os ingredientes muito bem, a massa deve ficar bem macia (se ficar seca, adicione 1 ou 2 colheres de leite comum ou água). Depois de pronta, forre o mármore com filme plástico, coloque a massa, cubra com o filme e abra com o rolo, até uma espessura média.  Corte em retângulos, forre uma forma com papel alumínio e ponha os retângulos na geladeira para firmar. Quando endurecer um pouco, banhe-os no chocolate.  Ponha na geladeira até secar a cobertura.